Escrita em 1999, quando passei viver na cidade de São Paulo.
a sujeira sanguinolenta da cidade grande é um cercado sensitivo que me cerca de um estado/o concreto quente do sol batendo na
pedra a concreta carência do coração batendo a ferra/é o que toda a gente vive é o jeito tentar viver sobreviver ver andar a carroça é o jeito/gente da multidão movimentada pessoa pequena sem corpo sem cara triste amedrontada/a cidade grande é um cercado sensitivo que me cerca de um estado/é cidade cheia de diversidade pedras colônias vistas verídicas de estados de diversos estados/ surpresa! para luz que o sinistro existe/e existe para alimentar-se na cercas deste cercado criar-se / amar ou amargar? / há setas para ambos os lados / o carro vai reto e não faz curva e problemas são retos e certos / o santo de rua diz Deus o sertanejo canta e uns no outro canto grita e eu vou me acercando deste cercado vou vendo bastante vou sendo forjado / não vi tudo e não sou besta de ver e como dizia Dona Maria: Aqui acontece de tudo! Faz trinta anos que eu moro aqui, e aqui acontece de tudo, acontece de tudo, acontece de tudo ...
Acordei de um sono antigo, longínquo Como a bela adormecida na sua tumba enevoada de esquecimento dormi um sono pesado, conservado numa lembrança inquietante, numa imobilidade maldita Acordei...não me lembro de nenhum sonho, simplesmente não sei onde estava Mesmo assim o tempo não parou e a vida que sempre foi minha não aconteceu Retornando ao rio "correntoso" da vida, despertei em movimento, olhei para trás, lembrei de vultos, de uma vida sob um encanto de sonho fora de esquadro Acordei... Tudo tem consequência Dormi. Dormi tempo demais? Todavia a vida é minha Despertei distante da margem segura das escolhas com rumo Num lugar qualquer, numa paisagem...retalhado por medos, paixões, fantasias, ilusões
Contudo, o que me acordou me mostrou um rosto conhecido. Era meu rosto!
Refletido num espelho, me vi num átimo de segundo e gritei em meio a uma explosão de sensações:
-Eu! Eu! Eu!
Hoje, dia e noite sigo com os olhos bem abertos de volta para casa Escrita em 31/05/2015