para Marco Gonçalves, meu irmão querido, pelo seu aniversário
Mano de sangue, mano de coração
Mano de sangue, mano de coração
Somos filhos da mesma mãe do mesmo pai
Quem sabe quem nos deu o chão?
Quem nos deu o ar?
Feitos da matéria vida recortamos o cosmos
Adentramos o etér, viemos a este plano
Chegamos leves soltos feito flocos
Em épocas, em tempos diferentes nos posicionamos
Eu vim primeiro, tu veio adiante
O que importa?
Se o que se vê é que somos andantes
Errantes, reluzentes, dementes, escalofobeficantes
Desde o som de um milongueiro na solidão fria dos pampas
Até as sardinhas das Avencas cá estamos
Num ziguizaguiante curioso destino que nos une
Tu estás onde estou, e estou onde tu estás
Sempre!
Embora nossas vidas não se parecem em quase nada
O mistério dos nossos passos conversam, dialogam, se falam
Acho que cheguei antes apenas para ter a besta honra de ser o primeiro
O que a meu ver só me trouxe desvantagem,
pois tu podes olhar para meus tropeços e decidir: por ai eu não vou, vou por ali !
pois tu podes olhar para meus tropeços e decidir: por ai eu não vou, vou por ali !
Para poder, talvez, tu me ver e dizer:
-Ah! Posso ir mais longe, posso ser mais “esperto”
Sim!
Foi por isso
Eu lhe digo:
-Eu estou aqui! Podes ir ! Vai com tudo !
Ah como eu queria ter um irmão mais velho!
Mas meu orgulho de sê-lo é mais que meu desejo
Maninho quando lhe vejo
A matemática incerta da existência parece tão perfeita
Que só penso que a vida é generosa
Em dar para todos nós o Marco Antônio, o toninho, o marquinhos, O Marcão
O meu amado irmão
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