sábado, 20 de agosto de 2016

Multidão Movimentada

Escrita em 1999, quando passei viver na cidade de São Paulo.


a sujeira  sanguinolenta da cidade grande é um cercado  sensitivo  que  me  cerca  de um estado/o concreto quente do sol batendo na 
pedra a concreta carência do coração batendo a ferra/é o que toda a gente vive é o jeito tentar viver sobreviver ver andar a carroça é o jeito/gente da multidão movimentada pessoa pequena sem corpo sem cara triste amedrontada/a cidade grande é um cercado sensitivo que me cerca de um estado/é cidade cheia de diversidade pedras colônias vistas verídicas de estados de diversos estados/ surpresa! para luz que o sinistro existe/e existe para alimentar-se na cercas deste cercado criar-se / amar ou amargar? / há setas para ambos os lados / o carro vai reto e não faz curva e problemas são retos e certos / o santo de rua diz Deus o sertanejo canta e uns no outro canto grita e eu vou me acercando deste cercado vou vendo bastante vou sendo forjado / não vi tudo e não sou besta de ver e como dizia Dona Maria: Aqui acontece de tudo! Faz trinta anos que eu moro aqui, e aqui acontece de tudo, acontece de tudo, acontece de tudo ...



   

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Acordei

Acordei de um sono antigo, longínquo

Como a bela adormecida na sua tumba enevoada de esquecimento dormi um sono pesado, conservado numa lembrança inquietante, numa imobilidade maldita

Acordei...não me lembro de nenhum sonho, simplesmente não sei onde estava

Mesmo assim o tempo não parou e a vida que sempre foi minha não aconteceu

Retornando ao rio "correntoso" da vida, despertei em movimento, olhei para trás, lembrei de vultos, de uma vida sob um encanto de sonho fora de esquadro

Acordei...

Tudo tem consequência

Dormi.

Dormi tempo demais?

Todavia a vida é minha

Despertei distante da margem segura das escolhas com rumo

Num lugar qualquer, numa paisagem...retalhado por medos, paixões, fantasias, ilusões

Contudo, o que me acordou me mostrou um rosto conhecido.

Era meu rosto!

Refletido num espelho, me vi num átimo de segundo e gritei em meio a uma explosão de sensações:

-Eu! Eu! Eu!

Hoje, dia e noite sigo com os olhos bem abertos de volta para casa

Escrita em 31/05/2015