segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Para a solidão real dos dias cheios

Um buraco conversa comigo todos os dias
Desses que tem fundo mesmo
Daqueles de negro

E o que ele me diz?

Um troço meio de flechada escura que arrepia a idéia e me põe triste alegre
Querendo que minha vista e ouvidos recomecem sempre , mesmo que já tenha eu de tudo tocado
Um choro quase sorriso de solidão do único em mim, bem no meio
Fazendo eco da voz e voltando as minhas histórias no espelho

O buraco parece amigo e sossega mesmo quando escrevo

E ponho palavras para ver o que leio
Porque o mundo é cheio
É tanto som e coisas

A palavra me salva
No mar imenso

Carro, avenida, movimento,gente, momento
Cobrador, cemitério, filmes, bilheterio
Arte, repostas, ansiedades,fingimentos
Solidão, telefone vazio, secretária, desencontro, falta de tempo
Coração querendo, corpo parado, todos a postos para ações de efeito

Sabido o buraco que conversa comigo falas de teatro, falas de alma, falas que surgem e me rasgam o peito

Mãe,pai, estudos, flores, música, amigos velhos, velhas crenças, sopro do belo, risadas
Serás, sossegos, decisões, voltas, ritmos, caretisses, estradas, o pouco caso, a distância
Os meandros, ambições, telas cheias, tecnologias, misturas, casais de todos os tipos, praias

Essa criatura oca chamada fundo me chama é por isso que escrevo

                                                       Samarone Gonçalves

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